terça-feira, 11 de setembro de 2012

As tartarugas híbridas da Bahia

As tartarugas-marinhas da Bahia estão se mostrando indiferentes com uma regra importante da biologia evolutiva: A que só se deve procriar com membros da mesma espécie.
Recentemente, estudos apontaram que cerca de 40% dos animais que desovam na praia baiana são híbridas; Um híbrido seria um um filho de pai e mãe de espécies diferentes.

Um estudo realizado em 2006 apontou que 43% das tartarugas consideradas morfologicamente como Eretmochelys imbricata  (tartaruga-de-pente), eram na verdade animais híbridos, com parte de seu DNA da espécie Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) ou Lepidochelis olivacea (tartaruga-oliva). Já foi provado que existem no mínimo duas gerações de híbridos, o que comprova que esses animais seriam 'viáveis' do ponto de vista reprodutivo. 

Agora resta aos pesquisadores saber o que motiva essa hibridização; As hipóteses giram em torno do colapso das populações das tartarugas, vítimas da caça e também pressionadas pela coleta dos ovos nas praias (o que era uma prática comum há algumas décadas atrás).


O interessante é que tartarugas com morfologia de tartaruga-de-pente, por exemplo, foram se alimentar em áreas de tartaruga-cabeçuda. A morfologia de cada espécie é adaptada à sua dieta específica: tartarugas-de-pente, que possuem um tipo de bico pontudo, costumam se alimentar de esponjas, anêmonas e outros alimentos moles que podem ser encontrados em recifes de coral; Já as tartarugas-cabeçudas, que comem crustáceos, possuem a cabeça robusta para quebrar a carapaça destes animais.


A grande questão é saber o que será da população das espécies de tartarugas-marinhas, do ecossistema onde vivem e até mesmo do seu alimento; 







Cientistas acreditam que pode ser uma ameaça, teoricamente, e outros afirmam que o hibridismo não é necessariamente um problema. No momento, só estudos mais aprofundados poderão esclarecer essas dúvidas.

O UrbAnimals já viu uma tartaruga-híbrida!


Para quem se lembra, este é o simpático filhote que encontramos no TAMAR; Seu casco é o de uma tartaruga-de-pente, enquanto o corpo é de uma tartaruga-cabeçuda. 
Relembre nossa visita ao TAMAR na série UrbAnimals em Ubatuba.


Tema retirado do jornal Estado de S. Paulo - 12/08/2012

2 comentários:

  1. Pois é! Elas têm menos fertilidade do que os indivíduos de linhagem pura, mas ainda assim se reproduzem! Assim como você disse, serve o exemplo do mestiço de gato-do-mato, e também o peixe-papagaio(o de água-doce, conhecido como blood parrot cichlid)...

    E não acredito que tenham a longevidade alterada, devem viver tanto como as outras!

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  2. Entendi! Fascinante! Se esses híbridos começarem a se reproduzir entre si e gerarem uma população considerável, continuando a crescer, futuramente (bem futuramente, levando em consideração a longevidade das tartarugas), é possível que tenhamos uma nova espécie de tartaruga marinha!

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